"Continuava tesuda. É daquelas mulheres que não é linda
de morrer nem tem um corpo escultural, mas o conjunto funciona bem. É alta,
magra, cabelo escuro, peito não muito grande, mas com um rabo bem redondo.
Ainda bem que sou um homem de rabos e não de mamas. Os anos tinham-lhe caído
bem. O ar de pita com o pito aos saltos tinha desaparecido. Parecia uma mulher
segura, confiante, mais do que estaria à espera. Semanas depois liguei-lhe. Não
foi fácil marcar um café. Pelos vistos, a Cátia era muito ocupada. Dividia o
tempo entre o escritório de advogados onde trabalhava e o voluntariado que lhe
ocupava o restante tempo livre. Ficou para a sexta seguinte, sendo que sábado
de manhã ela tinha que se levantar cedo porque ia passar o fim-de-semana fora.
Apareceu com umas calças justas que pareciam ter sido feitas
à medida para o rabo dela. O top é preto, com umas cenas floreadas que não
faziam lá falta nenhuma. Unhas cuidadas, maquilhagem suave, brincos compridos
que ficavam bem com o corte cabelo. Quando nos cumprimentamos senti o aroma do
perfume dela. Não percebi qual era, mas gostei. Demos aqueles beijos lentos na
face, com os lábios, e não só cara com cara. Não sei porquê, mas senti-me a
ficar ligeiramente excitado. Estava nervoso como se não tivesse passado por
isto já tantas e tantas vezes. A conversa de circunstância durou o tempo
suficiente. Falámos do trabalho, das relações falhadas do passado e de nós:
- Podíamos ter tentado, não achas, Francisco?
Apanhou-me desprevenido: - Como assim, Cátia?
- Quando entrámos na faculdade, mesmo com a distância,
podíamos ter tentado fazer a relação resultar…
- Agora que falas nisso, podíamos sim, disse, sabendo no
entanto que só lhe estava a dizer o que ela quer ouvir. Naquela altura, só
queria ir livre e solto para a vida de universitário, sem namoradas herdadas do
tempo de escola. Queria andar a foder quem me apetecesse, quando me apetecesse.
Vi que ela ficou feliz com a minha resposta. Cinco minutos
depois disse que já era tarde e pediu-me para levá-la a casa. Tinha ido de
táxi, porque atrasou-se e não conseguiu ir a casa buscar o carro. Não pensava
em subir, mas ela convidou-me. Não pensava porque não me importava estar com
ela outra vez, mas não se recusa um convite destes.
- Queres alguma coisa?
- Quero-te a ti, respondi.
Ela sorriu, aproximou-se lentamente e beijámo-nos. E
beijámo-nos. Cada vez mais e cada vez mais intenso. Roupa aterrou no chão, no
sofá, em cima da cómoda. Empurrou-me para cima de uma poltrona, pôs-se de
joelhos. Os lábios fizeram maravilhas. Aguentei-me para não me vir logo ali.
Comecei a fazer o que sempre fiz: pensar em basquete. Há quem pense em
iraquianas, eu imagino homens de dois metros na luta dos ressaltos. Retribui o
preliminar, fiquei ainda mais duro com os gemidos dela. Levei-a para o quarto e
fodemos, fodemos durante o tempo que conseguimos aguentar. Não sei se ela se
veio. Não percebi e não perguntei. E depois adormecemos. De manhã, ela acordou
cedo, mas deixou-me lá ficar. Disse-me que havia croissants e cereais se quisesse
comer alguma coisa. O Simão foi feito nessa noite."