História de amor

Quarto dela.

(...)

Ele: Amor, aqui está a tua prenda.

(Ela procura dentro dentro de uma caixa, que tem uma caixa mais pequena. E outra. E outra. Até que chega a uma caixa minúscula. É revestida de veludo azul e quando a abre os seus olhos brilham e soltam uma pequena lágrima. É um fio em prata onde se encontra um coração.)

Ele: É o meu. Agora é teu!

Ela: Que querido. Consegues sempre arranjar algo para me surpreender. A tua prenda está aqui no quarto. Está na cómoda, primeira gaveta.

Ele: Mas a gaveta está vazia.

Ela: A gaveta é a prenda. Agora tens um espaço para teres as tuas coisas. E deixou de ser o meu espaço, agora é meu e teu. É nosso!

(Ele sorriu e beijou-a.)

(...)

Trunfo: Todos temos um.

"Tenho piada. Muita. É um dom que me acompanha desde sempre. Não tenho aquela piada para fazer stand-up, mas sim uma natural, que é bastante útil nas conversas triviais que se tem no dia-a-dia. Não a uso só com o objectivo de ter sorte com as mulheres. Nada disso. Fazer uma piadola, seja com a senhora que está atrás do balcão nas Finanças, ou a cortar os frangos no Pingo Doce, fica sempre bem e corta a distância natural que existe nestas situações. E são sempre mais simpáticas. Ninguém fica a perder, portanto.
Mas sim, com as mulheres, o meu trunfo é ter piada. As mulheres gostam de um homem com sentido de humor. Não de palhaços de circo, mas de um homem que as faça rir. E muito. Não se pode é cair no exagero. Tem-se que dosear a piadola bem metida a meio de uma conversa, com um registo mais sóbrio, para não cansar a outra parte.
Tendo piada, nunca pensei muito no facto de ser giro ou feio. Ou seja, nunca foi esse o meu trunfo ao longo dos anos, por isso, acho que sempre me achei mais feio do que na realidade sou. E ser giro é apenas um bónus para mim, porque aposto tudo na capacidade de fazer rir uma mulher. E uma mulher que se ri com vontade, é uma mulher que me associa a momentos agradáveis, divertidos e bem passados.
Todos os homens têm que saber jogar com o que tem. Há aqueles que são giros e que nem precisam de falar para elas lhe acharem piada. Há outros que usam a inteligência e cultura geral para surpreender uma mulher, deixando-a cativada intelectualmente. Outros são como eu, piadolas. Há mulheres para todos os tipos de homens. Só temos é que encontrá-las. Parece mais difícil do que é."

(em 'O Homem Invisível')