Isto não é um Adeus, mas um Até Já!

Existe uma verdade universal que tomos temos que enfrentar, querendo ou não. Tudo acaba um dia e esse dia foi ontem.
Por mais que eu tenha esperado por este dia - e acreditem, esperei bastante -, nunca gostei de finais. Não gostei do último dia do verão, do último capítulo de um grande livro, o último episódio de uma excelente série, ou despedir-me de um amigo próximo, mas os finais são inevitáveis. Não são tristes, nem alegres. Enfadonhos ou sorridentes. São um virar de página. Um ponto final. As folhas caem, gritam que o outono chegou. O livro fecha-se. Arruma-se. Tu, eventualmente, dizes-me "adeus". Ontem foi um desses dias para mim. Demorou a chegar mas chegou com tudo o que tinha direito. A nostalgia foi-se apoderando de mim até não haver espaço para mais, as minhas entranhas já gritam saudade. Os meus olhos fazem força para não chorar. O meu pescoço desesperar por tanto "olhar para trás". Ontem disse adeus a tudo o que me era familiar. Tudo o que me era confortável. Aquele buraco no sofá que tão bem conhecia, aquele truque para ligar o forno, aquele café bem tirado.
Estou seguindo em frente. Mas só porque estou indo embora - e isso dói - há pessoas, que fazem tanta parte de mim, que estarão comigo, não importa o quê. Elas são o meu chão, a minha estrela polar e as vozes que estarão para sempre no meu coração, comigo. A todos um muito obrigado. Não gosto de ser cínico, por isso não o faço por obrigação ou sem sentimento. Bem pelo contrário. Sem vocês, que viveram, vivem e viverão comigo, seria impossível cumprir mais esta etapa. Guardo com carinho todas as histórias que partilhei com vocês. Guardo com ternura todos os momentos que me senti vossa família. Guardo com amor todas as palavras trocadas em momentos não tão felizes. Tornaram-me uma pessoa melhor. Como diriam os meus avôs, estou-me a tornar num homem graças ao meu passado. Estarei-vos eternamente grato, por isso:

- Isto não é um Adeus, mas um Até Já.