Perdido em pensamentos.

Aturdido com tantas coisas que me vagueiam pela cabeça, era altura de passar para papel algumas delas.

Quando olho para uma mulher, vejo aparência, vejo sex appeal, vejo elegância. É isso que me cativa a olhar. Aquele clic famoso quando passas e deixas o rasto de perfume. Eu olho e fascino-me. Isto é o êxtase. Mas quero mais. Queremos sempre mais, é comum a todos os portugueses. Agora sou escritor da tua bibiografia. Abro um livro branco e escrevo tudo o que sei de ti. Não rasuro, as folhas são brancas. Não acrescento, mudo de página e escrevo outro capítulo. O tempo passa e escrevo Fim. Agora tenho-te a ti. Em mim. Interessa-me que sejas tudo o que vi, mais o que descobri. Procuro inteligência. Amabilidade. Amizade. Carinho. E mais não escreverei porque o importante é que todos sejamos diferentes, mas iguais. Gosto mais de um olhar que dezenas de palavras. E prefiro milhares de palavras conjugadas num sentido próprio que poucas, mesmo que elogiosas. Dizeres-me "Ai, és giro" e virares as costas é como me dizeres não. Conversares horas comigo, estarás a dizer que amanhã há mais!

Chegou o Natal. É aquela época do ano que toda a gente está feliz. A televisão enche-se de anúncios acerca de brinquedos. As férias chegam para os que ainda estudam. E pensamos o que vamos receber este ano? Poderia pedir tanta coisa ou nada. E nada peço. Chegamos a uma idade que já nada nos falta e apenas queremos bem-estar, união, família. Um Natal igual ao anterior é o que espero. Todos juntos. Todos sorridentes. Alguns bêbados. A sonhar em repetir aqueles momentos várias vezes ao ano. Agradeço-vos. Não podia pedir gente melhor. Adoro-vos.

Notícias de última hora.

O país é governado pela Troika.

Os portugueses juntaram-se em massa para ajudar o Gustavo.

Felizmente o Duarte Lima está preso; infelizmente, o Behring Breivik não.

Adeptos sportinguistas queimam cadeiras no Estádio da Luz.

O Mário Soares está demente e não sabe o que diz.

A Fundação Gil e o Continente juntaram-se num programa de ajuda e conseguiram reunir 80000 euros para a Cruz Vermelha.

O Pinto da Costa, supostamente, agrediu um jornalista da TVI.

Segundo uma senhora que diz ser médica, os genéricos são como o bacalhau à brás.

O banco alimentar foi um sucesso.

Mas, eu vivo a minha vida. Consegues viver, só, a tua?

O verdadeiro amor


"Podemos não ter nascido juntos,
não ter crescido juntos, 
até podemos nao ter vivido juntos, 
mas a partir do momento em que te conheci:
sim quero morrer junto a ti!"

In Californication.

"Ele: Mas, sabes, talvez se te relaxasses por meio segundo, e parasses de procurar um companheiro para a vida tão afincadamente, então talvez pudesses acordar uma manhã ao lado de um.
Ela: Certo. Porque é assim tão fácil...
Ele: Não disse que era fácil, mas tens coisas que valem a pena.
Ela: Claro. Como... Como assim?
Ele: Porque és esperta que até assusta e és linda. E és também incrivelmente sensual.
Aí tens.
Ela: Mas que caralho estás a dizer? Sou uma autêntica croma.
Ele: É verdade, mas és uma croma sensual. Sabes, algumas mulheres encerram essa parte delas e esperam que o príncipe encantado apareça lhes abra as ratas velhas e empoeiradas com as mandíbulas da vida ou uma merda assim.
Tu não. És uma foliona.
Ela: Bem, estás a dizer todas estas coisas incrivelmente estranhas mas incrivelmente queridas sobre mim e (...) Só estava a pensar se eras sincero em alguma coisa que dizes.
Ele: Não digo só merda. Quero dizer, digo muita merda, mas geralmente quero dizer o que digo e digo o que quero dizer."

Lisboa by yourself

Dois dias na Capital.
Tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Correria para apanhar o metro. Guardar os bens no bolso da frente. Um olho na rua e outro em nós. Os aglomerados de pessoas aqui. E ali. Andar sempre em passo acelerado. “Estamos a perder o autocarro, corre…”. Um verdadeiro pandemónio na minha pacata vida.
Foi como entrar no “Sons e Sabores” por mais que breves momentos. Existem resmas de ofertas culturais e de diversos tipos. Por falta de tempo e conhecimento, apenas Belém. Exposição de Vik Muniz! Soberba. E pelo meio, uma frase que me captou a atenção (e a ti se também pensas que és artista):
- “Acredito que nem todas as pessoas sejam artistas, mas todas as que desejarem ser, possuem tudo o que o mundo tem a oferecer para que, um dia, se tornem. Se eu pude, qualquer um pode.”
Almoço no “Pão pão queijo queijo” com sandes, kebabs, shoarmas. Mas não eram convencionais. Eram com recheios, acompanhantes que eu nunca tinha visto. Erro meu, já tinha. Nos filmes. Apenas estou habituado a ver sandes de fiambre, queijo, não de caril de frango, de coco e peru. Esqueci-me de dizer, a vista era para o Tejo.
Chega a noite, mudam as vontades. Visita pelo restaurante “Kaffeehaus”, tipicamente austríaco. Inspirado em programas culinários (o meu novo passatempo) decidi pedir algo que não conhecia. Algo novo. Estava a experimentar tantas sensações novas, porque não mais uma? Escolhi Gulasch mit Spätzle e Sachertorte. Era um guisado de vaca com massa caseira de ovo e mais algumas coisas e um bolo com duas camadas de chocolate e uma cobertura de chocolate negro acompanhado de natas. Apresentação magnífica num ambiente fantástico em plena baixa de Lisboa. E agora perguntei eu? “Agora vamos ao EXD’11/Lisboa”. É o experimenta. Várias exposições espalhadas por toda a cidade. Escolhemos uma. A temática era o Useless. E era no antigo Tribunal da Boa-Hora (aparte, aparte, estive na sala da 6ª Vara onde julgaram o Carlos Silvino). Mais uma vez estupefacto, era algo diferente. Algo, diríamos, sinistro. Mas com o seu q.b. de assombroso. E o meu sentido ficou, novamente, em algo escrito numa das paredes de um designer.
“Como recordar o que nunca aconteceu? Algo que nunca tenha acontecido não pertence nem à verdade nem à falsidade. A memória regista apenas uma ínfima parte do que realmente aconteceu, e guarda inevitavelmente essa parte como verdade de todo.”
Regresso. Está uma alemã sentada num banco de autocarro e o lugar ao lado dela é o único livre quando na próxima paragem um guineense entra. Boquiaberto, reparo que a conversa é feita em inglês básico mas que no final ali se fez uma nova amizade. Surreal e belo ao mesmo tempo.

Post-Scriptum: Em falta: Máquina Fotográfica.

Adenda. Consegui reparar na crise que atravessa o "País". Vi uma cigana a roubar um chinês!

Passatempo Editorial Presença - Vencedora

Tic…tac… Nada acontece, tudo se mantém. Este silencio execrável mais pesado que o chumbo põe-me tonta. A espera mata-me.
Oh Deus! Faz com que amanhã estes fragmentos ansiosos de tempo não sejam mais que o leve recordar da minha memória tosca de hoje.
O coração bate depressa. O sangue corre furiosamente nas veias. Eu amo-te! Mas tenho medo... E se me estás a iludir novamente?
Olho para o velho e poeirento relógio de cuco esbranquiçado pelo pó dos anos. Falta pouco. Depois tudo muda e fica diferente. Tudo se tornará fugaz. Se pudesse pulava no tempo. Acordava depois. Mas não posso. Disseste para confiar e aguardar por ti.
Olho pela janela. Está frio lá fora. O vento murmura uma canção raivosa por entre o arvoredo agitando-o sem piedade. Distingo o negro das nuvens contra o azul carregado do céu.
Algo mudou. A bruma da noite torna-se densa e gelada. Há no ar uma energia oculta e agoirenta que me preenche. Um frio colossal entra-me nos poros, arrepia-me a pele. Ponho-me alerta e escuto... Ai!
Uma pancada seca atinge-me. Demasiado forte, percebi agora. O suficiente para me fazer pairar sobre mim, qual espectro moribundo.
Estou num quarto branco e frio. Embrulhada num sem fim de tubos. A porta range e abre. Tu entras. Era tudo mentira! Percebo pelo teu olhar que vais acabar o serviço... "

Justa Homenagem.



"Você tem que encontrar o que você ama
Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro."
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.
Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale do Silício.
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último." Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
"Continue com fome, continue bobo."
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos."

Re-inventar!

Depois de uns tempos sem escrever, eis que uma conversa me inspira a voltar.
Devido a circunstâncias da vida, próprias e alheias, afastei-me de todos aqueles que conheci e voltei a entrar numa sala de aula onde apenas os rostos me eram familiares. E nem todos. "O que faço agora?" perguntei eu. E depois reparei num grupo onde reconhecia alguns. Já me tinham falado deles. Pareciam boas pessoas mas estudiosos! E como na vida, é necessário arriscar!
Depois de algumas aulas e umas horas de conversa e boa disposição, a minha opinião transfigura-se totalmente. Como diria o meu irmão, são pessoas boa onda. Nada daquilo que eu estava à espera! Ou seja, por vezes a primeira ideia é completamente errada. E eu sei saber como nem porque, fiz novos amigos. Podemos chamar assim? Esperemos que sim.

Por vezes pedras no caminho, não são obstáculos mas intervalos para depois crescermos como pessoas.

Siga o seu "eu"

"Temos sonhos e queremos acreditar neles.
Estamos disponíveis para ir até ao fim do mundo por um simples objectivo de vida. Depois vamos crescendo, vamos moldando a nossa personalidade, o ângulo de visão vai-se tornando mais estreito, a sociedade começa a estabelecer-nos limites, a família diz-nos que há caminhos mais "credíveis" e "certos", os amigos condicionam-nos. E vamos fazendo escolhas. Muitas vezes que nem compreendemos. Escolhas que levam a novas encruzilhadas e a novos caminhos. Perdemos a ingenuidade. Mas tentamos manter o sonho. Chegam os preconceitos, aparecem os obstáculos. Aprendemos a não nos revoltarmos, a aceitarmos as regras, a seguir o que está padronizado. A desistir, ou a aceitar que nem tudo o que queremos podemos ter. Enchem-nos de falsos conceitos, de verdades pré-fabricadas e um dia já não sabemos muito bem onde estamos. Mas todos nos dizem para caminhar. Para continuar a caminhar, que "a vida é assim".
Mas não tem de ser. Não devia ser. Acredito que devemos sempre manter os nossos sonhos. E que devemos sempre questionar tudo. Da sociedade, aos conselhos que nos dão. Das regras que estão estabelecidas aos caminhos que nos querem impor. E que devemos lutar contra tabus e preconceitos. É dificíl. É quase impossível. Mas se calhar é este o meu sonho. E tento mantê-lo acesso."

(in Happy, by Vasco Galvão-Teles)

"A curiosidade de um olhar alegra-me!"

A curiosidade de um olhar alegra-me.
O mundo costuma ser uma monotonia. Uma rotina. É assim que pensas todos os dias. Acordas e vai ser um dia como os outros. E depois aparece ela. O mundo parou. Não se consegue tirar os olhos dela. Um piscar de olhos, um sorriso, um toque no cabelo é motivo para pensar que alguma coisa mudou. Talvez tenha mudado, talvez não. Mas a curiosidade de querer conhecer mais permanece.
É isso que cativa. Faz-me procurar. Já não quero saber só do olhar, e tudo o resto que me deixou perplexo a olhar pra ti. Quero saber se existe uma troca de olhar, se existe a possibilidade de fazer o alta definiçao. Quero saber o que gosta, o que não gosta. Quero saber se é quente, se é carinhosa, quero saber tudo.
A curiosidade permite-me acordar outra vez a pensar se vai haver algo mais.

Alta definição

Gosto. Gosto estupidamente da minha polaridade. Ora sou alguem completamente acriançado, ou uma pessoa adulta a quem me dão 30 anos. Ora estou a trabalhar para a terceira idade, como já estive a tomar conta da última geração de pequenos talentos.
Hoje a sensação é essa mesma. Ser quem eu quero, quando quero. Dito as minhas próprias regras. Ser uma pessoa só seria muito chato.
Gosto de me "lanbusar" com gomas sentado no sofá a ver desenhos animados. Gosto de leitão assado com um bom vinho branco frisante. Gosto de serões a jogar cartas e a beber minis. Gosto de ficar em casa aninhado a ver um filme e quando a vontade é muita a ler um livro (apenas naquele lugar zen criado com todo o prazer para esse efeito). Gosto de pizza. Não gosto de gelados! Bipolar diria eu.
Apetece-me ter uma conversa séria. Não, apetece-me brincar com as coisas. Por vezes, nem eu diferenci-o um do outro.
E por isso, adoro o meu Verão. Experimento desalmadamente um bocado de tudo. Falta-me o sol, uma toalha enrolada à volta do pescoço, umas havaianas e por do sol sentado na areia. Falta-me pinãcoladas à beira mar. Falta-me peixe grelhado no jardim. Faltam-me as palhas gigantes a sair por um coco.
Pelo contrário, tenho excesso em crianças. Brincadeiras com elas. Cafonés! Acordar todos os dias antes das 8 da manha. Por creme refrescante para massagar os pés. De não ver séries. Não consigo ligar a tv mais que 15 minutos seguidos. Serões sem dormir devido ao calor, a pensar em tudo. E em nada. O excesso de fotografias deles e pena de não fotografo de mim próprio.
E sinto saudades do passado mas estou cheio de desejos para o futuro. Estou realizado? Quase, mas no momento não podia pedir melhor.

"Sometimes I pretend to be normal, but it gets boring, so I go back to being me!" (in mango)


(texto em construção... apenas na cabeça)

"Sintonia Imperfeita!"

"Eles amam-se … toda a gente sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua a viver a sua vidinha idealizada e ela continua idealizando a sua vidinha.
Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. 
E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. […] É fácil porque os dias passam rápido demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. 
E todos os dias eles perguntam-se o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso." 


(anónimo para mim)

Sobre o corpo de uma mulher

"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.
Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra… está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros – é uma questão de proporções, não de medidas.
As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas… . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas… Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza… que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.
As jovens são lindas… mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda… cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos ‘em formol’ nem em spa… viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!
A beleza é tudo isto.
Paulo Coelho"

A Perseverança

"Se há pessoas que não estudam ou que, se estudam, não aproveitam, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não interrogam os homens instruídos para esclarecer as suas dúvidas ou o que ignoram, ou que, mesmo interrogando-os, não conseguem ficar mais instruídas, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não meditam ou que, mesmo que meditem, não conseguem adquirir um conhecimento claro do princípio do bem, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não distinguem o bem do mal ou que, mesmo que distingam, não têm uma percepção clara e nítida, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não praticam o bem ou que, mesmo que o pratiquem, não podem aplicar nisso todas as suas forças, elas que não se desencorajem e não desistam; o que outros fariam numa só vez, elas o farão em dez, o que outros fariam em cem vezes, elas o farão em mil, porque aquele que seguir verdadeiramente esta regra da perseverança, por mais ignorante que seja, tornar-se-á uma pessoa esclarecida, por mais fraco que seja, tornar-se-á necessariamente forte."

Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'
A meu respeito, basta dizer que quem espera, sempre alcança! Feliz.

Um lado da versão, metade da razão

"Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente!


Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos…), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível , dinheiro no bolso . Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, … A vaquinha emagreceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música, bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São os pais que contam os cêntimos para pagar, à rasca, as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer_coisa_phones ou i_pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer “não”. É um “não” que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego , mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura, capacidade e competência, solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos – e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas – ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar, nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.
Autor Anónimo, Recebido por e-mail
(ainanas.com@gmail.com)"


Antes faltava o tema, agora ficou completo!

Há tempos que não escrevia aqui. Não por falta de vontade, mas por falta de imaginação.
Hoje era um dia diferente. Encontrava-me feliz, com vontade de escrever algumas linhas de palavras que tivessem pelo menos um ínicio, um meio e um fim. Mas não sabia o que escrever, até que alguem me perguntou: "O que é o amor?"

Tema. Ideias. Tudo me veio à cabeça! Então, o que é o amor?
Amor é um estado de alma. É uma relação. É um sentimento que nutrimos por alguém ou algo.
É quando o teu estado de alma muda, quando o sentes. Falando de amor por uma pessoa, o amor faz passar os dias cinzentos noutra cor qualquer. Ou melhor, em todas as cores possíveis. Os teus olhos brilham. As tuas mãos tremem. O teu coração bate que nem um louco. O teu corpo transpira. Não se consegue pensar noutra coisa senão na pessoa que amamos. Além da parte física, amar signifca, obrigatoriamente, gostar do interior, gostar da consciência, gostar das atitudes, gostar dos modos. Senão não seria amor, mas uma atracção! Quando amas, estás noutro mundo (pelo menos assim parece para ti).
Mas amor também significa partilhar. Quando amas, abdicas. Não existes tu e ele(a), existe "nós". Existe uma relação em que ambas as partes cedem, não com intuito de diminuir o outro, mas de o fazer sentir completo. É necessário investir na relação, ela só dura se nós assim o desejarmos. Isso também é amor! Amor está associado a tantas coisas que é necessário juntares isso tudo para puderes amar alguem. Amor é alegria, é compaixão, é paixao, é carinho, é atracção, é compromisso, é intimidade. Em suma, é tudo!

Numa vertente mais romântica, amor é contares os minutos para veres aquela pessoa. É acordares e veres ao teu lado alguem que sem dizer nada, sem fazer nada te faz criar um sorriso de orelha a orelha. É aqueles momentos parecerem uma eternidade, não por serem "secantes" mas porque nunca queres que acabem nem sair deles. É olhares para o telemóvel ou alguma rede social sempre à espera duma chamada, duma mensagem, dum comentário que vai, invariávelmente, animar o teu dia. É quereres que saia tudo perfeito, desde um filme num sofá, a um jantar na sala com velas, a uma noite em que te entregas ao prazer carnal! Isso é uma paixão do tamanho do... mundo talvez! Talvez maior. Nunca ninguem a conseguiu quantificar.

Depois existe o amor platónico. Estupidamente, dizemos que gostamos mas não podemos tocar. É a tua idealização de tudo. Desde que começaste a sonhar, a escrever, a falar de amor, que pensas nele(a) daquela maneira. Como eu sonhei em vê-la com os cabelos loiros a brilharem com o reflexo do sol; a voarem com a brisa do vento; a correr num vestido curto, sedoso, branco por prados verdes na minha direcção. E lá estava eu, com bochechas rosadas, aguardando ansiosamente a sua chegada com um cesto na minha mão, flores na outra e um riacho nas minhas costas. Dentro do cesto imaginava champanhe, morangos, chocolate! É algo que amas tão loucamente, que te perdes antes de acabar o sonho. É a tua fantasia!

Nunca me puderia esquecer do amor paternal, senão nem eu estaria aqui a escrever. Este deixo para outra conversa. Não quero estragar o rumo em que as coisas estão a fluir.

Mas, perguntas tu, como aparece o amor? Acho que nínguem sabe muito bem. Tanto pode aparecer com um toque, como com um trocar de olhar, como depois de horas de conversa e convivio. Acho que aparece de todas as maneiras. E normalmente, aparece sem que te dês conta disso.
A biologia diz que são as hormonas, a filosofia diz que é uma conbinação de compromisso com paixão. Valente mentira. Se pensasses desta maneira, o amor perderia toda a sua piada. Porque o sentimento é incontrolável, as acções são irreflectidas, é tudo diferente. Se pensares de maneira diferente, o sentimento morre e tu transformas-te em um robot!

Não pensamos em ideologias, religiões, etnias, gerações. Para mim e para ti: "Amar e ser amado é universal!"

Yin Yang

"Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma actividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme." (segundo a wikipédia). No entanto esta definição é tão incompleta como incongruente, a minha solidão resume-se apenas a um ponto: a vontade de partilhar.
Quando acordo, apenas tenho um desejo, que o dia de hoje não seja igual ao de ontem. Esse ontem que foi vivido sozinho e em monotonia; um dia que se resume em ver 4 divisões e duas pessoas; um dia em que desespero por uma novidade; um dia que anseio por um convite. Dai discordar com a definição. Eu não sinto nenhuma sensação de vazio, apenas isolamento (por culpa própria e dos outros)... A solidão não se resume a mais que: "A sua solidão pesou-lhe um instante, ele queria ter alguém a quem falar. É difícil ver o belo sozinho" (Per Sundman). É isso que me faz falta, e por isso agradeço que tenha surgido o telemóvel, o mensenger e o facebook. Tás sozinho mas apenas fisicamente. Apenas a "aparência" te faz pensar que estás na solidadão! Porque na realidade "Não há nada que esteja só; nada pode estar em completa solidão: o que existe necessita de outro para ser." (Leopoldo Schfer). E com isto reafirmo, não existe vazio, nem existe algo mais do que querer a companhia de alguém. A primeira definição não nos leva ao significado de solidão, mas de"suícidio psicológico". E no final de contas penso como (Thomas Quincey), em que "Ninguém desenvolverá alguma vez as faculdades da sua inteligência, se, pelo menos, não intercalar alguns momentos de solidão na sua vida".
E não existe solidão, sem felicidade. É como o yin yang! "Creio que a felicidade existe. A prova está em que, de repente, ela não existe" (Françoise Giroud). Novamente, yin e yang! Estão relacionadas, não vivem uma sem a outra. E quando passas de um momento para o outro deverias pensar desta maneira:
- "A felicidade consiste em preparar o futuro, pensando no presente e esquecendo o passado se foi triste." (John Ruskin).
Mas existe a felicidade pontual, aquela feita em pequenos momentos, que têm tanto de surpreendentes, como de esporádicos, como de satisfação! Quanto menos pensamos naquilo que pode acontecer, mais sorrimos quando aconteceu. Eu quero esses momentos, essa "felicidade é saber o que se quer e querê-lo apaixonadamente" (Félicien Marceau). É por isso que na solidão espero e desespero por isto, é a minha fonte de vida! E é tão bom quando voltas pá solidão e pensas naquilo, naquelas pessoas, naqueles sorrisos, naqueles momentos porque "a alegria não está nas coisas, está em nós" (Johaan Goethe), está em mim, está em ti, está em todos aqueles que são especiais. E quando nos juntamos nós rimos, rimos, rimos, rimo-nos que nem tontos, rimo-nos de tudo e de nada porque preferimos ser tontos a ser estúpidos (sig. pessoas que não riem de nada).
E tontos somos todos aqueles que gostam de aproveitar a vida na companhia dos outros, aqueles que não se importam de partilhar!

Nota introdutória

"Pega no telefone e finge que te preocupas. Pega nele, anda. Marca o meu número, um por um. Apaga e volta a escrever. Inspira fundo e pensa no que vais dizer. Faz a chamada. Pega no telefone e liga-me. Diz-me aquilo que te consome. Diz-me como se não houvesse depois. Tudo aquilo que te preenche a cabeça agora, o que faz o teu sangue correr nas veias. Diz-me aquilo que queres fazer, o que sentes, no que tocas. Faz de conta que não existe o amanhã. Faz de conta que só existe hoje. Diz-me a verdade, aquilo que me queres dizer mas tens medo. Eu aguento. Não me podes partir o coração outra vez. Só te restam duas hipóteses, ou pegas nele ou passas ao lado. Pensa bem. Pensa em hoje. Eu sei. Tu também sabes. Queres que te diga? Pega nele, tu sabes que queres. Mas pensa bem antes de pegares. Cuidado, não o vás deixar cair outra vez. Ele é frágil, é de vidro. Vá, pega no telefone. E liga-me. Só quero ouvir a tua voz mais uma vez.



Ela: O que é que aquela queria?
Ele: Ela queria saber o que é preciso fazer pra me conquistar.
Ela: Ridículo. O que respondeste?
Ele: Que ela precisa ser como tu."

Amizades

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade estupidez, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.''

Oscar Wilde

A linha (invisivel) que nos une!

Quando atendeste o telefone, as primeiras palavras que me vieram à boca foram: "Desculpa não ligar mais vezes", ao que tu respondeste que não havia importancia, e assim acabou o assunto!
Depois foi novidades daqui, dali e dacolá, ideias, conexões, blá...
Blá...
Blá...
E quando desliguei foi quando percebi que o importante não era a quantidade de vezes que te ligava, mas a ligação em si!