Valentine's Day

- Feliz Dia dos Namorados - pensei eu.
Mas namorado de quem? De ninguém. Apenas me deu para pensar no que faria. Para começar, raptava-a. Vendava-lhe os olhos. A partir de agora, começaria o mundo da ilusão. Da surpresa. Do suspense. A ideia era não saber para onde ia. Era o coração palpitar apenas no final. Os olhos brilharem. A boca secar. Quando por fim lhe tirava a venda, estávamos num avião. E ela perguntava

- Porque?

Porque foi a maneira mais simples e real que encontrei de te levar às nuvens - respondo eu com um sussurrar perto do seu ouvido. E como não queria que o 'sonho' acabasse, cortava-lhe a fala com um beijo apaixonado. Todo o dia seria repleto de momentos

- Deixaste-me sem palavras.

Quando começamos a descer, uma pequena lágrima se formou. A paisagem vista por aquela janela quadrangular e minúscula era deslumbrante. O paraíso estava à frente de nossos olhos. Uma ilha praticamente deserta. Uma cabana. Um regalo verde de árvores que envolviam tudo o resto para lá da praia. O avião começa a flutuar à beira-mar. Era a nossa deixa para sairmos. Pegamos num pequeno bote e saímos porta fora que nem aventureiros. Ela com um sorriso, eu com uma lancheira.

- O que é isso?

Logo vês. O dia é teu. É pensado em ti. No meu amor por ti. Em plena praia, era altura de revelar a segunda surpresa. Abri a lancheira. E lá dentro todo um mundo de produtos afrodisíacos. Desde champanhe. A morangos. Sem esquecer o chocolate. E baladas. Baladas essas que iam estar presentes durante toda a tarde (e que iriam ser recordadas para todo o sempre). Lá no fundo, encontravam-se os fatos de banho. Queria que tudo e todos vissem a nossa paixão. Cantar, dançar, então porque não nadar com golfinhos.

Quando acabava o dia, a viagem de regresso. Abraçados um no outro. Mergulhados em recordações. Voltas e voltas no ar. Já que a levei às nuvens durante o dia, queria-lhe mostrar as outras estrelas durante a noite. E o avião pousa. A porta abre. E para surpresa das surpresas, toda a gente conhecida se encontra no aeródromo. Os pais dela. Os meus. Os nossos amigos. Os nossos familiares. Todo o mundo. Os companheiros de viagem. Estupefacta diz

- O que estão todos aqui a fazer?

Tapei-lhe a boca com um dedo. Era a altura.

- Olha para o relógio. O dia dos namorados acabou. É altura de voltarmos a por os pés em terra. Por isso os convidei - (entretanto ajoelho-me e retiro o anel do bolso) - precisava de testemunhas. Testemunhas que comprovem o meu amor por ti. Que nos aceitem como somos e naquilo que fazemos.
Queres casar comigo?

E assim começou o primeiro dia do resto das nossas vidas.
(Clark Kent)

Sem comentários:

Enviar um comentário