Pais e Mães

Admiro o meu pai. E a minha mãe.

Desculpem. Admiro todos os pais e todas as mães. Desde pequenos que sonhamos ser adultos. "Olha pai, quando tiver 18 anos já posso tirar a carta e andar de carro", "Mãe, quando é que não vou ter horas para chegar a casa?", "Vou fugir de casa para fazer o que eu quiser sem ninguém me mandar", são algumas das frases mais ecoadas durante a adolescência de todos. Queremos ser adultos a toda a força que por vezes até nos esquecemos que os melhores anos da nossa vida estão na nossa infância. Brincar sem responsabilidades. Roupa lavada ao final do dia. Quarto imaculado desde manhã. Comida na mesa sem que nada tenhamos feito para isso acontecer.

E isto me leva ao início deste excerto. Os adultos são aqueles que têm responsabilidades. Que trabalham dia após dia, semana após semana, anos a fio até chegar o seu tempo de reforma. Trabalham para proporcionar o melhor para os seus filhos. Para que estes nunca saiam de casa a dizer que lhes faltou isto. Ou aquilo. Para que estes sejam o brilho dos seus olhos mesmo na velhice. E trabalhar de sol a sol tem uma grande dificuldade. O cansaço. Físico e psicológico. Mas chegam a casa e "fecham os olhos" a todas as dores, todos os problemas e vão com sorriso na boca ajudar-nos a fazer os trabalhos de casa que trouxemos dos ATL - lá a nossa cabeça está em brincar com os da nossa espécie. Vão ligar o radiador da casa de banho para estar quente quando vamos tirar todo o suor e toda a poeira de mais um dia de brincadeira. Vão meter a mesa e fazer o jantar para nos repor a energia e as vitaminas do dia, dia esse que nós sonhamos ser do mais cansativo que a vida tem para nos oferecer. Retiram a mesa, lavam a loiça, dão um jeito na cozinha e vão para o sofá ver a novela connosco. E antes de dormir, ainda têm tempo de nos ir dar um jeito na cama e um beijo de boa noite até se apagar a luz do candeeiro da mesa de cabeceira. Aí acaba o nosso dia, mas o deles contínua. Têm contas para fazer. Como pagar os livros, a escola, a mesada, o gás, a luz, a roupa nova que precisamos. Põem sempre nos nossos "vícios" primeiro que os deles. Ainda vão debruçar-me em no que fazer no fim de semana, onde irão ser as férias, como irão trocar de carro. Quem leva a avó ao médico. E às compras. Quem ajuda nas mudanças da família. Estoirados vão dormir para acordarem primeiro que nós e nos ir acordar. Despertador é algo que não consta do vocabulário de um adolescente. Quando vais à cozinha, já encontras uma torrada e um café com leite. E passado 5 minutos estão a gritar para ir embora, que estão atrasados para te deixar na escola. Ser pai, ou mãe, é um dos maiores privilégios que existe. Mas custa. 

Já eu, chego a casa e apenas penso em dormir. Não tenho a sua força e a sua vontade. Uma vida fora de casa e outra em casa. E por isso, admiro todos os pais e todas as mães.

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