Passatempo Editorial Presença - Vencedora

Tic…tac… Nada acontece, tudo se mantém. Este silencio execrável mais pesado que o chumbo põe-me tonta. A espera mata-me.
Oh Deus! Faz com que amanhã estes fragmentos ansiosos de tempo não sejam mais que o leve recordar da minha memória tosca de hoje.
O coração bate depressa. O sangue corre furiosamente nas veias. Eu amo-te! Mas tenho medo... E se me estás a iludir novamente?
Olho para o velho e poeirento relógio de cuco esbranquiçado pelo pó dos anos. Falta pouco. Depois tudo muda e fica diferente. Tudo se tornará fugaz. Se pudesse pulava no tempo. Acordava depois. Mas não posso. Disseste para confiar e aguardar por ti.
Olho pela janela. Está frio lá fora. O vento murmura uma canção raivosa por entre o arvoredo agitando-o sem piedade. Distingo o negro das nuvens contra o azul carregado do céu.
Algo mudou. A bruma da noite torna-se densa e gelada. Há no ar uma energia oculta e agoirenta que me preenche. Um frio colossal entra-me nos poros, arrepia-me a pele. Ponho-me alerta e escuto... Ai!
Uma pancada seca atinge-me. Demasiado forte, percebi agora. O suficiente para me fazer pairar sobre mim, qual espectro moribundo.
Estou num quarto branco e frio. Embrulhada num sem fim de tubos. A porta range e abre. Tu entras. Era tudo mentira! Percebo pelo teu olhar que vais acabar o serviço... "

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